35, 36, 37...40! 41...
Semanas.
Passaram assim, num estalar de dedos e tudo se resume a este momento, esperar mais um bocadinho.
Fazer a mesma pergunta vezes sem conta e tentar adivinhar o impossível. "Talvez nasça 2ªf mas como já tem contracções pode ser que seja antes."
Analisando o olhar dos pais é claro o fervilhar de sentimentos e emoções. As dúvidas, a ansiedade de conhecer o mais belo amor.
Também se vê o medo, o incerto que se sacode numa piscadela de olhos.
As semanas resumem-se a um dia e esse dia parece desmultiplicar-se num ano.
Cada mensagem ou telefonema parece ter a resposta mas não...
Até que o silêncio gritante é cortado por uma frase curta:
"Prestes a entrar para a sala de parto... Sim, leram bem :)"
Será que é agora?
Uma, duas, três horas volvidas.... Nada.
É tão estranho estar deste lado.
A adrenalina de esperar mas a impotência de sentir o pulsar dos acontecimentos.
Saber o que esperar e ser totalmente ignorante ao mesmo tempo.Agridoce, mas mágico para lá de qualquer descrição.
As memórias giram desalinhadas na cabeça de quem esperar, tentando encontrar respostas no reconforto de um momento já vivido mas tão diferente. Não há nenhum parto igual. Daí a beleza do momento.
A tensão cresce nos corredores do hospital, no entrelaçar nervoso de dedos e massagens desajeitadas nos braços dos avós e do pai e impõe-se nos passos dados vezes sem conta para a frente e para trás.
"Vai ser cesariana"- diz o pai expectante.
Um suspiro colectivo, lê-se em cada olhar uma coisa simples:- está quase a nascer.
Ninguém diz nada, ainda! Mas se os pensamentos fossem audíveis... que concerto estaria naquela sala.
Até que... o relógio pára. Não interessa mais nada. As respirações pendem por ouvir aquilo que interessa.
O ranger da porta cinzenta do hospital revelam um rosto mascarado e sereno.
"Já nasceu, está tudo bem! É um rapagão!"
A bolha rebenta nesta momento,
em abraços beijos e lágrimas de felicidade.
Estavas lá amiga? Beijinhos para todos
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